O PROPÓSITO DO MINISTÉRIO PASTORAL

Postado em 30 de janeiro de 2019 por

Categorias: Pregações


Pr Luciano R. Peterlevitz – Igreja Batista Bela Vista, 27.01.2019.

Colossenses 1.24-29:

Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja; 25 da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: 26 o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; 27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; 28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; 29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.

Introdução

Aqui em Colossenses 1.24-29 Paulo revela o propósito do seu ministério, o qual também é o propósito do ministério pastoral: ensinar a Palavra de Deus aos cristãos de tal forma que o caráter de Cristo seja formado neles.

Analisemos alguns aspectos desse propósito. Antes, porém, prestemos atenção ao início do verso 25: o pastor é ministro, servo.

Ministro a favor da igreja: v.25

V.25: “da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus.

O termo “ministro” (gr. diakonos), refere-se a “alguém que executa os pedidos de outro”, “o servo de um rei”. Paulo era servo da Igreja. Servia as pessoas, pregando a Palavra de Deus para elas, e servindo as pessoas,ele estava servindo ao Cristo que morreu por elas.

Paulo, servo de Cristo. Era assim que o apóstolo se apresentava em muitas de suas cartas. Hoje, porém, muitos querem títulos: pastor, bispo, apóstolo, profeta, etc. Mas quantos querem ser chamados de servos de Cristo?

Paulo servia pessoas, mas isso não significa que o interesse das pessoas estava em primeiro plano em seu ministério. Isso porque os interesses dos homens podem conflitar com os interesses de Cristo. Os pregadores do evangelho não podem defender os interesses dos homens, quando estes estão mais interessados em si mesmos do que na vontade de Deus. Nós, ministros do evangelho, vamos defender os interesses de Cristo, mesmo que isso custe a nossa morte.

Há pastores que tem medo de pregar sobre pecado, arrependimento, a cruz de Cristo, fé em Cristo.  Essa mensagem não dá ibope. Ademais, pode ser que alguém do auditório se sinta ofendido. Entretanto, o maior temor do ministro deve ser ofender a pureza do evangelho, se não pregá-lo em sua integralidade. 

O pastor é servo. Dito isto, voltemos ao propósito do ministério pastoral: ensinar a Palavra de Deus aos cristãos de tal forma que o caráter de Cristo seja formado neles. Vejamos alguns aspectos desse propósito, observando Colossenses. 1.25-28.

O pastor é chamado para apresentar plenamente a Palavra de Deus: v.25

V.25: “da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus”.

Tradução da NVI: “Dela me tornei ministro de acordo com a responsabilidade por Deus a mim atribuída de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus”.

Vejamos a responsabilidade que Deus havia confiado para Paulo: “apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus” (NVI).

“Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (Atos 20.27).

Precisamos de Toda a Escritura, porque “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16).

Será que lemos toda a Escritura, ou lemos a Escritura de forma seletiva? Muitas vezes, temos a tendência de ler na Bíblia aquilo que nos interessa.

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Romanos 15.4).

O que você sabe das alianças que Deus fez com Adão, Noé, Abrão, Moisés, Davi? Você sabe qual o significado dessas alianças em relação à Nova Aliança? Quais verdades Deus revelou aos hebreus através da antiga aliança, e que são aplicadas às nossas vidas hoje também?

Você sabe porque Deus pedia sacrifícios de animais na antiga aliança, e o que o Senhor queria ensinar aos israelitas através daqueles rituais, e o que Ele quer nos ensinar através das narrativas que falam sobre aqueles sacrifícios, mesmo que nós, povo da Novo Aliança, não precisemos mais oferecer sacrifícios?

Você sabe o significa das festas judaicas, e porque nós cristãos não as comemoramos? Você sabe porque o povo da Nova Aliança não guarda o sábado?

Você sabe por que tem quatro Evangelhos na Bíblia (Mateus, Marcos, Lucas e João), e qual o enfoque de cada um deles? Você sabe o que motivou Paulo e outros apóstolos escrevem cartas, quais respostas eles estavam respondendo na época, e quais respostas o Espírito Santo quer nos dar hoje?

Você sabe qual o significado do livro de Apocalipse, e quais verdades preciosas e eternas o Senhor quer ensinar para sua vida através desse livro?

Quantos anos você tem de vida cristã? Será que você já não deveria saber essas coisas?

Toda a Escritura é inspirada. Aplique-se para conhecer toda a Escritura.

O plano revelado de Deus – Cristo em nós, esperança de glória: v.26-27

26 o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; 27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.

O “mistério” é o plano de Deus revelado em Cristo Jesus, a saber, a união dos gentios com Cristo: “Cristo em vós, a esperança da glória”. Em Efésios 3.6, o mistério revelado é a união de judeus e gentios no mesmo Corpo.

O alvo do ministério de Paulo era tornar conhecido esse ministério que já havia sido revelado por Deus.

Cristo em vós, a esperança da glória (v.27). Isso é fantástico. Cristo se tornou semelhante a nós (pecadores) para nos tornar semelhante a Ele (santos).

Isso é a essência do cristianismo: Cristo em nós. Cristo produzindo a sua vida em nós. Na prática, isso ocorre através do discipulado.

Advertir e ensinar a todo homem com vistas à maturidade em Cristo v.28

V.28:“o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.”

O ensino de Paulo era cristológico: “o qual nós anunciamos”. Toda a pregação do apóstolo estava voltada para formar nos cristãos o caráter de Cristo.

“advertindo a todo homem”. O verbo (gr. noutheteo) significa “admoestar, advertir, exortar”. Essa palavra é aplicada para:

  • A instrução dos novos cristãos (Atos 20.31).
  • A educação das crianças por parte dos pais (Efésios 6.4).
  • Correção de alguma conduta pecaminosa:
    • “Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados” – 1Co 4.14.
    • “Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos” (1Tessalonicesses 5.12).
    • Pergunta: você gosta de ser corrigido? Na verdade, ninguém gosta.

“ensinando a todo homem”. O método de ensino de Paulo: o ensino público nas sinagogas e nas casas: “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa” (Atos 20.20).

O objetivo do ensino: “a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.

O propósito da ação pastoral focada no ensino não é transformar algumas pessoas, mas “todo homem”.

Não é uma obra pela metade. É uma obra completa. Deus não faz coisas pela metade. A perfeição só é possível em Cristo: “todo homem perfeito em Cristo”.

O engajamento de Paulo era conduzir os crentes a um relacionamento pessoal com Cristo, levando-os a entender que Cristo neles é a esperança de glória. Quando Cristo começa a formar em nós a sua vida, inevitavelmente o nossos interior (pensamentos e coração) se transforma.

Qual é o nosso problema hoje? Enfatizamos o comportamento, e não damos importância à transformação interior. Achamos que o mais importante é “ir à igreja” ou “estar na igreja”. Mas não nos damos conta de que podemos estar na Igreja de Cristo, mas nosso coração pode estar longe do Cristo da Igreja.

Mateus 23.25.26: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!”

Para o escritor americano Paul Tripp, Cristo está dizendo o seguinte: “Vocês entenderam tudo errado! O que vocês estão tentando fazer não vai funcionar nunca. Vocês tentam substituir comportamento ruim por comportamento bom (o lado de fora do copo), mas isso nunca vai funcionar, porque o coração (o lado de dentro do copo) não foi alvo de cuidado”.

Tripp explica que isso é como colocarmos curativos na ferida sem curar a doença. Se houver alguma infecção ou doença no nosso sistema que está causando as feridas, não vai adiantar colocar curativos nas feridas. É preciso tratar a doença, e as feridas vão embora.

Sintomas da doença-pecado: indisposição de amar a Deus e ao próximo; indisposição de buscar a Deus; mágoas e ressentimentos; indisposição para perdoar; incapacidade de controlar a língua; recorrentes quedas diante das tentações; etc…

Doença-pecado: nossa natureza (coração).

Quais são nossas feridas? Quais nossas derrotas? Quais nossas mágoas? Quais pecados não conseguimos vencer? Para lidar com tudo isso, precisamos deixar Deus tratar com a doença chamada pecado que está alojada em nosso coração.

Não adiante querer mudar nosso comportamento. Não adiante a gente querer aliviar os sintomas. É preciso curar a doença. É importante nos esforçamos para mudar nosso comportamento, mas se não permitirmos Deus tratar nosso coração, nosso esforço de nada valerá.

“A promessa de ouro da nova aliança em Jesus Cristo é um novo coração! Não há outra forma.” (Paul Tripp).

“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Ezequiel 24.26).

Implicações e aplicações

Deus só vai fazer a obra em sua vida se você estiver no lugar certo. O rosto de Moisés se encheu com a glória de Deus, porque Ele estava no monte, no lugar onde Deus queria que ele estivesse.

Deus quer tratar com seu coração, mas você precisa se dispor para estar no lugar certo.

  1. Participe dos cultos com coração aberto para celebrar ao Senhor e ouvir sempre a voz do Espírito Santo.
  2. Participe da EBD.
  3. Participe dos nossos cultos de oração
  4. Disponha-se a ser um discípulo de Jesus e a fazer novos discípulos.