TIAGO 3.1-12: O PODER DA LÍNGUA
Pr Luciano R. Peterlevitz, Igreja Batista Bela Vista, 08.11.2018.
Introdução
Alguém já disse que o esporte preferido do brasileiro não é futebol, mas ofofocol. Como gostamos de falar sobre os outros e contra os outros!
Infelizmente, em nossas igrejas existem mexericos, maledicências e palavras levianas. Mas de acordo com a Palavra de Deus, quando nos convertemos ao Senhor, nossos corações foram transformados, e consequentemente nossas bocas também. Recebemos a graça de Deus, e agora, por nossas palavras, transmitidos “graça aos que ouvem” (Ef 4.29). Entretanto, muitos parecem que converteram o coração, mas não converteram a língua.
Tiago fala a respeito do poder da língua: o poder controlador da língua, o poder destruidor da língua e o poder amaldiçoador e abençoador da língua. Vejamos.
- O poder controlador da língua: v.1-5a
No v.1, Tiago aconselha:“muitos de vós não devem ser mestres”, pois os mestres serão “julgado de forma mais severa”. Muitos se acham prontos para ensinar com suas palavras. Mas Tiago diz que os mestres são poucos. Mestre é aquele que ensina com poucas palavras.
Toda a mídia de hoje está orientada para redes sociais de compartilhamentos. Somos instigados para emitir nossa opinião, pelo twitter, pelo face ou pelo Whats. E apresentamos nossas opiniões, como se fosse a última palavra, aquela palavra que resolverá todos os problemas do Brasil.
Tiago vira pra gente, e diz: “menos, menos”.
No v.2, o texto afirma que aquele que “não tropeça no falar, esse homem é perfeito e capaz de refrear também seu corpo inteiro”.
Tiago cita dois exemplos para afirmar que a língua tem o poder de controlar o corpo inteiro:
Os cavalos são controlados por freios na boca (v.3). O cavalo é muito mais forte do que o homem, mas é controlado pelo homem por causa dos freios em sua boca. O “corpo todo” do cavalo é controlado pelos freios.
Os navios, embora tão grandes e levados por ventos impetuosos, são conduzidos por um pequenino leme (v.4). O navio é muito maior e muito mais pesado do que o homem (timoneiro), mas é controlado através de um pequenino leme, e este leme está sob o domínio do timoneiro.
Então Tiago conclui, no v.5a: “Assim também a língua é um pequeno membro do corpo, mas se gaba de grandes coisas.”
Uma pequena parte (língua) controla o todo (corpo). Por isso, a pessoa que refreia a língua refreia o seu corpo todo.
A língua não somente controla todo o nosso corpo, como também demonstra se nosso corpo está bem. Isso porque a saúde do corpo começa na língua.
Li na página do Hospital Albert Einstein em São Paulo que médicos realizam o exame da língua como método auxiliar no diagnóstico das mais variadas doenças. Assim como as demais estruturas bucais (bochechas, céu da boca, gengivas, glândulas, saliva, dentes etc), a língua exibe sinais e sintomas muitas vezes precoces de doenças sistêmicas (alterações patológicas em órgãos do organismo).
Realmente, a saúde começa pela boca. (Leandro Peixoto).
- O poder destruidor da língua: v.5b-8
No v.5b, Tiago aponta para o poder destruidor da língua: “Vede como um grande bosque é incendiado por uma faísca.” Uma pequena faísca pode causar um grande incêndio.
A “língua é como um fogo” (v.6), pois ela está “entre os membros do nosso corpo” e “põe em chamas o curso da nossa existência”. A língua incendeia nossa família, nosso trabalho, nossa igreja. Enfim, ela mete fogo em tudo!
É importante percebermos que ela não somente destrói a vida das pessoas que estão próximas (inclusive pessoas queridas), mas destrói a nós mesmos. Autodestruímo-nos pela nossa língua.
Bruce Waltke, em seu comentário de Provérbios, disse que “a língua do tolo é comprida o bastante para cortar a própria garganta”.
Só o inferno pode deter a língua: “sendo por sua vez posta em chamas pelo inferno”, diz o final do v.6.
Nos v.7 e 8, Tiago diz que todas as espécies de animais são domadas pelo homem, “mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode conter; está cheia de veneno mortal”. Todos os animais são domáveis. Mas nenhuma língua é domável.
Isso é importante, porque quando lemos esse texto nos lembramos que muitas vezes fomos injustiçados pela língua de outra pessoa, e ficamos torcendo diabolicamente para aquela pessoa perecer no inferno com sua “língua grande”. O problema (ou a solução!) é que a Palavra diz que “nenhum homem pode domar a língua”! Ou seja, todos nós já cometemos injustiças com a nossa língua. Todos nós já lançamos o veneno mortal da língua sobre alguém. Todos nós “tropeçamos em muitas coisas”, como Tiago diz no v.2.
- O poder amaldiçoador e o poder abençoador da língua: v.9-12
Observemos a duplicidade da língua, nos v.9-12. Ela bendiz ao Senhor e também amaldiçoa os “feitos à semelhança de Deus” (v.9).
No v.9, há uma forte razão para não amaldiçoarmos os homens: eles são imagem e semelhança de Deus. Por isso, se amaldiçoamos os homens, estamos amaldiçoando a Deus.
Nos v.11 e 12, são duas perguntas retóricas. O autor, ao lançar a pergunta, já dá a resposta: não. Uma mesma fonte não pode jorrar água doce e água amarga (v.10). A fonte que produz água salgada não pode produzir água doce (v.11b). E uma figueira não pode produzir azeitonas, nem uma videira figos (v.12).
O mundo está sedento. Que tipo de água tem jorrado de nossa boca? Água doce ou água amarga? Ao nosso redor, há pessoas feridas. Suas chagas precisam de água pura. O que sai da nossa boca: água doce para lavar essas feridas ou água salgada para agravar a dor dessas feridas?
Conclusão
A língua tem poder para controlar. A língua tem poder para destruir. A língua tem poder para amaldiçoar e para abençoar.
Controlemos nossa língua, para que nossa existência não seja incendiada por palavras malditas. Usemos nossas línguas não para destruir, mas para edificar. Que sempre saiam da nossa boca palavras abençoadoras que revigoram o cansado, restaurem o perdido, e edifiquem a vida de todos aqueles que nos cercam.
“Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3.17).
Tudo o que falamos deve ser em nome de Jesus. Fofocamos em nome de Jesus? Caluniamos em nome de Jesus? Amaldiçoamos em nome de Jesus? Não! Quando falamos em nome de Jesus, abençoamos e edificamos. Que assim seja.