Procurai a paz da cidade

Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz. Jeremias 29.7.

De maneira geral, as Escrituras apresentam a Babilônia como uma cidade opressora, violenta e orgulhosa. Os babilônicos conquistavam os povos e os subjugavam sem dó e sem piedade. O próprio Deus disse que eles eram uma “nação amarga e apressada, que marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas não suas” (Habacuque 1.6).

Não é sem razão, portanto, que o profeta Jeremias anunciou o juízo do Senhor contra a Babilônia (Jeremias 50.29-32). Ele inclusive recomendou aos fiéis: “Fugi do meio da Babilônia e saí da terra dos caldeus…” (Jeremias 50.8).

À luz dessas considerações, as palavras em Jeremias 29.7 se tornam impactantes. O contexto é este: os judeus estavam exilados na Babilônia. Nos rios daquela cidade, eles sentavam-se e choravam por causa da saudade de Jerusalém, a terra natal deles (Salmo 137.1-3). Naquela situação, o Senhor ordenou ao profeta Jeremias escrever uma carta para aqueles judeus cativos (Jeremias 29.1). As palavras dessa carta estão registradas em Jeremias 29.4-28.

A carta de Jeremias orienta os judeus estabeleceram suas vidas na Babilônia. Lá, longe da terra santa, deveriam edificar suas casas, plantar pomares e colher o seu fruto; lá deveriam se casar e se multiplicar (Jeremias 29.5-6). E não somente isso. Apesar de a Babilônia representar todo o potencial humano rebelde e idólatra, o Senhor ordenou para que o seu povo buscasse a paz daquela cidade corrupta e a orasse por ela. Somente quando houvesse paz naquela cidade é que haveria paz para o povo de Deus. Um dia os judeus sairiam da Babilônia. Mas enquanto lá estavam, deveriam ser benção naquela cidade.

Aprendemos aqui uma rica lição. A maioria de nós, cristãos, habitamos em cidades ou em grandes centros urbanos. É verdade que as cidades são aglomerações de pessoas que carregam em seus corações a rebeldia contra o Senhor. Realmente moramos na “grande Babilônia”. Entretanto, não podemos simplesmente atacar os valores da cidade. As palavras de Timothy Keller precisam ser ouvidas: “Temos também de nos comprometer, com todos os recursos de nossa fé e vida, a servir de modo sacrificial para o bem da cidade, e especialmente aos pobres.”

Temos a tendência de destacar os pontos negativos das cidades: violência, insegurança, precariedades na saúde e na educação; descaso dos políticos às necessidades da população; etc. Infelizmente, todas essas coisas são uma realidade. Entretanto, muito mais do que descrever as trevas reinantes em nossa cidade, nós, como povo de Deus, precisamos ser luz onde moramos. Podemos criticar nossa cidade. Mas o que temos feita por ela?

Essa é a ordem que o Senhor dá ao seu povo: “Procurai a paz da cidade”. Busquemos a paz para Nova Odessa! Oremos por ela. Nossa cidade pode até se levantar arrogantemente contra o Senhor, como fez a Babilônia. Mas não vamos desistir dela. Vamos demonstrar o amor de Deus para ela. Vamos anunciar para ela a paz de Cristo. Pois só assim nós teremos paz.

Pr Luciano R. Peterlevitz