A HISTÓRIA POR DETRÁS DA HISTÓRIA DE DAVI E GOLIAS
Pr Luciano R. Peterlevitz – Igreja Batista Bela Vista, 14.04.2019.
1Samuel 17.46-47:
46 Hoje mesmo, o SENHOR te entregará nas minhas mãos; ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus darei, hoje mesmo, às aves dos céus e às bestas-feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel. 47 Saberá toda esta multidão que o SENHOR salva, não com espada, nem com lança; porque do SENHOR é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.
Introdução
Ester sermão tem 1 só ponto: Deus nos concede grandes livramentos e vitórias, para que o seu nome seja conhecido e para que outros venham reconhecem que Ele é o Deus que salva.
A famosa história
A história de Davi e Golias é famosa. O pequeno pastor de Judá que derrotou um poderoso guerreiro filisteu. De fato, essa história demonstra que a vitória não é dos fortes, mas daqueles que esperam no Senhor e confiam Nele.
Entretanto, a história de Davi e Golias é uma micro história dentro de uma macro história. Há uma história maior por detrás da história de Davi e Golias.
A história maior: o Senhor escrevendo a história da salvação, e Davi sendo levantado por Deus para que essa história fosse escrita. A história da salvação se inicia em Gênesis, com a criação, e se consuma em Cristo. A história de Davi e Golias é só uma parte dessa história maior, a história da cruz.
A famosa história não é a história de Davi e Golias, mas sim a história da cruz, a história da salvação consumada em Cristo. A história da vitória de Davi sobre Golias foi escrita à sombra da cruz.
Se olharmos só a micro história, a narrativa de 1Sm 17, poderemos cometer o equívoco de achar que o foco da narrativa seria simplesmente nos instigar a superar nossos gigantes e a crer nos livramentos que Deus dá para um cada um de nós. O problema dessa abordagem é que ela é muito individualista e egoísta. Nessa perspectiva, o mais importante é eu vencer os meus gigantes; o mais importante são minhas vitórias e conquistas pessoais.
Há um sério problema dessa abordagem. Ela não nos deixar olhar para além de nós. Ela acredita que tudo o que importa é Deus agir em nós e por nós, mas ignora o fato de que Deus não quer só agir em nós, mas além de nós e através de nós.
A história de Davi e Golias dentro da história dos livros de 1 e 2 Samuel
Em 1 e 2Samuel, os filisteus são apresentados como o principal inimigo a ser batido. Eles foram derrotados pela oração ousada de Samuel (1Sm 7). “Assim, os filisteus foram abatidos e nunca mais vieram ao território de Israel, porquanto foi a mão do SENHOR contra eles todos os dias de Samuel.” (1Sm 7.13). Eles foram completamente derrotados, mas somente em “todos os dias de Samuel”, pois, após a morte desse grande profeta, aqueles inimigos voltariam novamente a ameaçar Israel.
Saul foi ungido como rei a fim de livrar Israel das mãos dos filisteus (1Sm 9.16). Mas foi incapaz de vencer os arque-rivais de Israel. Falhou (cf. 1Sm 23.27; 31.1-13). Dentre seus erros, destaca-se sua impaciência em esperar Samuel chegar para o sacrifício (1Sm 13).
Mediante o fracasso de Saul, Deus escolheu outro homem, “um homem que lhe agrada” (1Sm 13.14), para livrar Israel das mãos dos filisteus. Davi era esse homem.
A vitória de Davi sobre Golias (1Sm 17) representava o início da ruína dos filisteus. Pois, com a morte do herói dos filisteus, os homens de Israel e Judá perseguiram e venceram os seus inimigos (17.51). Conforme nota o narrador, “caíram os filisteus feridos pelo caminho” (17.52).
A vitória de Davi sobre Golias animou os soldados israelitas a derrotarem os filisteus.
Portanto, 1Samuel 17 não tem por objetivo destacar o ato heroico do pequeno Davi contra o gigante. Na verdade, a narrativa destaca o ato que desencadeou a vitória de todo o Israel contra os filisteus. Davi foi vitorioso sobre esses inimigos (1Sm 19.8; 23.1-14; 2Sm 5.17-25; 21.15-22). Os filisteus foram subjugados por Davi (2Sm 8.1). Esses eram os dizeres dos israelitas sobre Davi: “livrou-nos das mãos dos filisteus” (1Sm 19.9).
2Samuel 3.18: “…porque o SENHOR falou a Davi, dizendo: Por intermédio de Davi, meu servo, livrarei o meu povo das mãos dos filisteus e das mãos de todos os seus inimigos.”
A história maior: a história da salvação
Ampliando um pouco mais nossa visão, e notando a macro história que está além de 1 e 2 Samuel, percebemos que Deus estava escrevendo a história da salvação através de Davi.
Deus livrou Israel das mãos de Golias e dos filisteus “para que toda a terra saiba que há Deus em Israel” (v.46).
1Sm 17.47: “Saberá toda esta multidão que o SENHOR salva, não com espada, nem com lança; porque do SENHOR é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.”
Notemos bem porque Deus deu a vitória para Davi contra o gigante: para que toda a terra reconheça que o Senhor é Deus; para que todos reconheçam que Ele é o Deus que salva.
Se os filisteus vencessem, Israel deixaria de existir como povo de Deus, e se Israel deixasse de existir, a promessa feita outrora para Abraão, de que a nação de Israel seria benção para todas as nações, não poderia ser cumprida. Se Israel deixasse de existir, e deixasse de ser benção para todas as nações, então o Messias Salvador não seria mais enviado ao mundo, porque, de acordo com Gênesis, Israel foi a nação escolhida para levantar um descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15). No Antigo Testamento, a descendência da mulher é representada no povo de Israel. Desta descendência, surgiu um Descendente, o Messias Salvador.
Davi foi levantado por Deus para escrever essa maravilhosa história da salvação. O reino de Davi aponta para o reino eterno de Jesus.
Precisamos entender uma vez por todas: há uma história maior que Deus está escrevendo, e nossa história individual precisa ser compreendida à luz dessa história maior.
Infelizmente, vivemos dias de um cristianismo do tipo “vem a mim o teu reino”. Nesse tipo de cristianismo, não se ora “venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10), mas sim “venha o meu reino; faça a minha vontade, assim na terra como no céu”.
Essa é a ideia prevalecente nos dias de hoje: benção para mim; um emprego para mim; uma cura para mim; uma família para mim. Tudo para mim.
Pense: como procedemos, todas as vezes que oramos por uma cura, ou para conceder um emprego, ou quando pedimos qualquer coisa? Será que, quando pedimos essas coisas, almejamos e desejamos que, através delas, Deus torne conhecido o seu nome e que outras pessoas reconheçam Jesus como Senhor e Salvador?
Estamos conscientes de que Deus quer agir em nossa história para uma história maior seja escrita?
Deus não quer só agir em nós. Ele quer agir em nós e além de nós. Na verdade, considerando todas nossas imperfeiçoes (lembre-se das falhas de Davi), Deus quer agir em nós, apesar de nós, e além de nós.