O QUE FAZER EM MEIO ÀS TRAGÉDIAS DA VIDA?
Pr Luciano R. Peterlevitz, IBBV, 17.02.2019.
Jó 1.20-22:
20Então Jó se levantou, rasgou o manto, rapou a cabeça, prostrou-se no chão, adorou
21″e orou: Eu saí nu do ventre de minha mãe, e nu voltarei para lá. O SENHOR o deu, e o SENHOR o tirou; bendito seja o nome do SENHOR.”
22Em tudo isso Jó não pecou, nem culpou a Deus por coisa alguma.
Introdução
Nos últimos dias, duas grandes tragédias acometeram nosso país: o lamaçal em Brumadinho (até agora 166 mortos e 144desaparecidos) e o fogo no CT do Flamengo (10 garotos mortos).
Na vida, estamos sujeitos à fatalidades, desgraças e infortúnios. O que fazer, em meio às tragédias da vida?
Vamos aprender com a atitude de Jó. Antes, porém, precisamos refletir seriamente qual deve nossa postura quando tragédias ocorrem com outras pessoas. Na última segunda feira (11.02.2019), por exemplo, o jornalista Ricardo Boechat morreu tragicamente em um acidente de helicóptero. Muitos crentes disseram: “ele morreu porque mexeu com ungido do Senhor”. Absurda essa afirmação. O que aconteceria, se Deus resolvesse matar todos aqueles que desrespeitam os “ungidos do Senhor”?
O chamado ao arrependimento pessoal em meio às tragédias
Lucas 13.1-5:
1Naquele momento, estavam presentes algumas pessoas que lhe falaram dos galileus cujo sangue Pilatos havia misturado com os sacrifícios que eles ofereciam.
2Jesus lhes respondeu: Pensais que esses galileus, por terem sofrido essas coisas, eram mais pecadores que todos os outros?
3″Eu vos digo que não; antes, se não vos arrependerdes, todos vós também perecereis.”
4Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais a torre de Siloé caiu e os matou, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
5″Eu vos digo que não; antes, se não vos arrependerdes, todos vós também perecereis.”
Quando ocorre uma calamidade com outras pessoas, nossa postura deve ser de auto avaliação. Não vamos olhar para o pecado dos outros, mas sim para os nossos.Não fiquemos procurando os pecados das pessoas que sofrem, reverberando a velha teologia maligna dos amigos de Jó (“quem é justo, jamais vai sofrer, e se eles estão sofrendo é porque cometeram algum pecado”), antes, procuremos ajudar os sofredores, com oração, e se possível, com recursos financeiros ou materiais.
Ponto importante: na maioria das vezes, as tragédias não ocorrem como um juízo divino, mas sim por causa da negligência de alguém ou como uma mera fatalidade (dentro dos propósitos soberanos de Deus).
Por isso, quando algo ruim acontece com os outros, qual deve ser nossa postura? Auto avaliação. Arrependimento. E saber que a tragédia poderia ter sido conosco.
As tragédias na vida de Jó
Como sabemos, Jó era um homem íntegro e temente a Deus; tinha muitas riquezas e uma família abençoada (Jó 1.1-5). Mas, em um único dia, o seu mundo se desmoronou.
Jó 1.6-12: o diálogo entre o Senhor e Satanás – a permissão de Deus para Satanás tirar tudo de Jó.
Jó 1.13-19: Jó perdeu tudo, em um único dia. Satanás (o “adversário”) atacou ferozmente aquele homem íntegro.
Jó 1.20-22: a atitude de Jó em meio às tragédias.
Jó 2.1-6: novo diálogo entre o Senhor e Satanás – a permissão de Deus para Satanás tirar a saúde de Jó.
Jó 2.7-8: a enfermidade e o estado de Jó.
Jó 2.9-10: a atitude de Jó em meio às tragédias.
Jó ficou em um estado deplorável. Perdeu todos os bens. Todos seus filhos morreram. Sofria de uma enfermidade gravíssima. Não sabemos qual a enfermidade dele. O que sabemos é que era uma doença que lhe causou terríveis feridas na pele. Jó ficou irreconhecível, deformado (Jó 2.12).
Vejamos qual foi a atitude de Jó em meio às calamidades que o assolaram: Jó 1.21-22e 2.9-10.
Jó lamentou: v.20
“Então Jó se levantou, rasgou o manto, rapou a cabeça, prostrou-se no chão”.
Rasgar as roupas e raspar a cabeça eram gestos de luto e penitência.
Depois, Jó “prostrou-se no chão”, “caiu em terra”.
Deus nos dá o direito de lamentar. Veja os “Salmos de lamento” e Lamentações de Jeremias.
Em meio às tragédias, podemos gritar, chorar e lançar-se ao chão. Podemos falar com o Senhor acerca de nossa situação.
Não podemos só falar com as pessoas acerca de nossa situação (isso também é importante, na forma de desabafo). Precisamos também falar com Aquele que é Soberano, com Aquele que permitiu que tal tragédia acontecesse. Só Ele pode aquietar o nosso coração em uma situação de calamidade.
Jó adorou: v.20
Jó “adorou”. O verbo (hebr. shahah) significa “inclinar-se, adorar”. Um gesto de humilhação e reverência. Conforme lemos no v.21, Jó reconhece que ele não possui nada, e tudo vem do Senhor.
Em meio às tragédias, precisamos evitar qualquer reivindicação. O que nos resta, é a humilhação. Entretanto, a postura de muitos hoje é bem definida pela letra de um cântico: “Restituiu, eu quero de volta o que meu”. Essa letra ensina uma postura bem diferente daquela que teve Jó.
Jó reconheceu a soberania de Deus sobre tudo o que ele tinha: v.21
“Eu saí nu do ventre de minha mãe, e nu voltarei para lá. O SENHOR o deu, e o SENHOR o tirou”.
Chegamos a essa terra sem nada, e vamos embora sem nada. Tudo o que temos é por empréstimo.
O Senhor dá, e o Senhor tira. Aquele que é Dono pode doar, mas também tem o direito de requerer de volta.
Às vezes achamos equivocadamente que Deus nos dá as coisas, e as coisas passam a ser nossas. Não! Tudo o que temos continua sendo Dele. Por isso, Ele pode tirar.
Jó louvou a Deus: v.21
Disse Jó: “bendito seja o nome do SENHOR.”.
Será que conseguimos dizer isso em meio a uma tragédia?
Jó não pecou contra Deus: v.22
“Em tudo isso Jó não pecou, nem culpou a Deus por coisa alguma.”.
Jó não se desviou do Senhor. Nem acusou Deus de injustiça. Recusou o conselho perverso de sua esposa (2.9-10).
Em meio a uma situação dolorosa, nosso coração fica vulnerável. Somos tentados a dar as costas para Deus.
Pergunta: afastar-se de Deus, pecar contra Ele, vai resolver a situação difícil? Absolutamente não! O Senhor é nosso refúgio e fortaleza. Nossa esperança está Nele. Se nos afastarmos Dele, o que será de nós?
Conclusão
Estejamos preparados para as tragédias. Elas fazem parte da experiência humana, infelizmente.
O que fazer em meio às tragédias? Essa deve nossa postura: podemos lamentar e chorar (Deus nos dá o direito de fazer isso), mas também vamos nos humilhar e adorar, vamos reconhecer que tudo é do Senhor e não vamos se desviar do Senhor jamais. Em meio às fatalidades e sofrimentos, não vamos correr para longe de Deus, mas vamos correr para Deus, pois Ele continua sendo Deus, Ele continua sendo bom. Louvado seja o nome do Senhor!