DESAFIOS DO MINISTÉRIO PASTORAL
Uma reflexão sobre os desafios do ministério pastoral à luz de 2Coríntios 4.1-15
Pr Luciano R. Peterlevitz – Mensagem pregada na reunião da Ordem dos Pastores de SP/Sub-secção Centro Leste, na PIBNO, em 05 de outubro de 2013.
INTRODUÇÃO
Questões que desafiam o exercício do ministério pastoral na contemporaneidade: agnosticismo; ceticismo; relativismo, sincretismo; secularismo; materialismo; pragmatismo.
Mas, na verdade, nós, pastores, somos mais desafiados pelas Escrituras do que por essas questões. O principal foco de reflexão do ministério pastoral não são as dificuldades que cercam o ministério pastoral, mas sim, as diretrizes teológicas que orientam o exercício do ministério pastoral em meio às dificuldades. Não é o grau de dificuldade do exercício do ministério pastoral que determina nossa permanência no ministério. O que determina nossa permanência no ministério é a nossa convicção daquilo que somos diante de Deus e a certeza do que Ele quer e do que Elepode fazer em nossa vida.
Não estou dizendo que as questões atuais não precisam ser pensadas e compreendidas por nós. Seria insanidade intelectual dizer que as tendências modernas podem ser ignoradas pelos pastores. Mas essas coisas não desafiam mais do que as Escrituras. Isso porque, se, ao sermos desafiados pelas Escrituras, respondermos positivamente a esses desafios, nós poderemos não só interpretar adequadamente essas questõesà luz das Escrituras, mas também poderemos entender que não são elas que nos impedirão de exercer o ministério pastoral.
Só uma coisa pode salvar o ministério pastoral do fracasso: a redescoberta da teologia do ministério pastoral solidamente pautada nas Escrituras. Realço que redescobrir não significa saber. Isso porque talvez já saibamos o significado da teologia no ministério pastoral. Quando digo que precisamos redescobrir a teologia do ministério pastoral, estou dizendo que precisamos meditar no significado do pastorado nas Escrituras e aplicar esses princípios teológicos em nossa vivência pastoral.
Olhando para 2Coríntios 4.1-12, nós somos desafiados por alguns princípios teológicos norteadores do ministério pastoral. Nesse texto bíblico, os seguintes assuntos vêm à tona:
A fonte de encorajamento do pastor (v.1)
O conteúdo da pregação do pastor (v.2-4, 6)
A identidade do pastor (v.5)
A fraqueza do pastor (v.7)
A razão da vida do pastor (v.8-12).
A fonte de encorajamento do pastor: a misericórdia de Cristo – v.1
Em 3.1.18, Paulo fala que os pregadores do Evangelho são ministros de uma nova aliança (veja especialmente 3.6). Esse ministério que lhes foi outorgado é fruto da misericórdia do Senhor. Paulo incluía-se entre aqueles que receberam a graça do Senhor (1Tm 1.13,16). No caminho de Damasco, o perseguidor do Evangelho tornou-se um pregador do evangelho. Aquele que dedicava sua vida para perseguir Cristo, quando foi encontrado por Cristo, dedicou sua vida para amar a Cristo. O apóstolo também reconhece que é a misericórdia do Senhor que lhe encoraja para o ministério: “não desfalecemos” (“não perdemos a coragem”, Bíblia de Jerusalém).
Como pastores, nós precisamos reconhecer que é a graça de Deus que nos mantém em pé. Nós somos vocacionados ao ministério pela graça de Deus e somos mantidos no ministério pela graça de Deus.
Não somente pregamos a graça de Deus. Somos frutos da graça de Deus.
Por que Deus nos escolheu para sermos pastores? Porque tínhamos mais habilidades do que demais cristãos? Por que éramos mais íntegros do que os outros crentes? Não. Foi por causa de sua graça. Rick Warren: “Deus conhece cada coisa iniqua e estúpida que eu posso fazer e mesmo assim me escolheu.” Por isso, quando Paulo olhava para outro pecador, considerava-se pior do que este pecador (1Tm 1.15).
Paulo reconhecia que seu trabalho e esforço eram fruto da graça:
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. (1Co 15.10)
Paulo valoriza mais a misericórdia do Senhor no ministério do que as dificuldades do ministério. Em 2Co 4 Paulo expõe as dificuldades do ministério: v.8-10. Mas a tribulação não o desanimava: “não desanimamos” (4.16).
Outra coisa: em meio às dificuldades do ministério, nós precisamos ver o ministério não como um fardo, mas como resultado da misericórdia de Deus.
Se desvalorizarmos o ministério, desvalorizaremos a graça de Deus. Amemos, pois, o ministério que nos foi concedido pela misericórdia do Senhor, e deste modo, amaremos o Senhor que nos amou primeiro.
1º desafio: precisamos valorizar a graça de Deus.
O conteúdo da pregação do pastor: o Evangelho de Cristo – v.2-4,6
A verdade era manifestada através da pregação de Paulo (v.2). “as coisas que, por vergonhosas, se ocultam”. É interessante a tradução da Bíblia de Jerusalém: “Dissemos ‘não’ aos procedimentos secretos e vergonhosos…”. Em sua nota de rodapé, comenta: “Trata-se, por certo, da covardia que levava a dissimular o que no evangelho pode suscitar oposições ou perseguições.” Paulo não temia anunciar a verdade, ainda que isso lhe custasse a vida.
O evangelho era anunciado através da pregação de Paulo (v.3-4). Os falsos apóstolos acusam Paulo de encobrir o evangelho. Eles diziam algo do tipo: “nosso evangelho é aberto, por isso temos muitos seguidores”. Paulo responde dizendo que se o evangelho “ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto.” O problema não estava com o evangelho, nem com Cristo, nem com a pregação de Paulo, mas com o entendimento corrompido dos incrédulos, que tiveram seus olhos tapados pelo “deus deste século” (v.4).
A luz do evangelho resplandecia através da pregação de Paulo (v.6). Crisóstomo, um dos pais da Igreja do século 4, dizia que o sol criado por Deus dissipa a escuridão na esfera física, e o Filho não-criado dissipa as trevas no mundo espiritual. “Deus dissipa as trevas tanto na criação como na nova criação.” (Simon Kistemaker, 2Coríntios. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p.203). O evangelho é a luz que brilhou sobre os crentes, sobre aqueles que viram a glória de Deus na face de Cristo.
Oconteúdo da pregação cristã é Cristo: a verdade de Cristo; o evangelho de Cristo e a luz de Cristo. “Porque não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo como Senhor…” (v.5). 1Co 2.2:Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.
Um dos grandes desafios do púlpito atual é colocar Jesus onde Ele nunca deveria ter saído: no centro da pregação. Nos dias de hoje nós somos desafiados a proclamar o verdadeiro evangelho. Pregar a Palavra, não sobre a Palavra.
Como disse John MacArthut: “A qualidade do pastor, portanto, não depende de ser ele inteligente ou interessante, mas de seu modo de guardar a verdade.”
Como anunciar ao nosso o povo o evangelho sem confundir o evangelho com os efeitos do evangelho? Como pregar sobre o pecado sem confundir o pecado com os efeitos do pecado?
Existe um perigo que ronda nossos púlpitos: a transformação da mensagem do evangelho em mensagem de autoajuda.
A loucura de Deus é mais sábia do que os homens. Precisamos voltar à ‘insanidade’ do evangelho.
Precisamos voltar a nos regozijar com a conversão de uma única pessoa. Há festa no céu quando um pecador se arrepende.
Se o evangelho está encoberto, que não seja por nossa incapacidade de anunciar todo o desígnio de Deus. Que o sangue daqueles que se perderam não seja cobrado de nossa mão, no dia do juízo.
2º Desafio: precisamos pregar o verdadeiro evangelho de Cristo, custe o que custar.
A identidade do pastor: servo de Cristo – v.5
Paulo não pregava a si mesmo. Ele pregava Cristo como Senhor e ele como servo da igreja de Cristo.
Nós somos chamados para sermos servos. O conceito de diaconia, aplicado ao ministério pastoral, define quemsomos, de quem somos e para quem somos. Somos servos de Cristo para a igreja de Cristo.
Li em algum lugar (talvez no livro David Fischer, no livro O Pastor do Século 21) que a cristologia é o fundamento do ministério pastoral (veja 2Co 2.17). Não somente pregamos Cristo. Vivemos Cristo. Vemos Cristo lavando os pés dos discípulos, inclusive o de Judas, e ouvimos sua voz falando conosco: “como eu fiz, façais vós também”. Talvez nós sejamos tentados a dizer: ‘lavar os pés daquele diácono carnal? Tô fora!’.
Não é a igreja que é submissa à nossa autoridade pastoral, mas nossa autoridade pastoralque é submissa à igreja. Não é a igreja que deve nos prestar contar. Nós é que prestamos contas à igreja de Cristo.
Spurgeon dizia: “Somos servos de Cristo, não senhores de sua herança. Os ministros são para as igrejas, e não as igrejas para os ministros…Cuide de não ser exaltado mais do que se deve para que não se transforme em nada.”
Reconhecemos que somos servos? Lógico, a resposta é ‘sim’. Mas estamos dispostos a lavar os pés daqueles que nos traem? Outra coisa: o que nos move no ministério: o desejo de servir a Cristo e a Igreja de Cristo ou o desejo de impor à igreja nosso desejo ou sonhos pessoais?
David Fischer, no livro O Pastor do Século 21, relata que, quando seminarista, ele e seus colegas reclamavam ao deão sobre as dificuldades do ministério. Depois de muitas lamúrias, ele e seus amigos foram surpreendidos com a seguinte fala do deão: “Se Cristo amou a Igreja o suficiente para morrer por ela, vocês, rapazes, não podem amá-la o bastante para servi-la?”.
Não somos servos simplesmente porque somos pastores. Somos pastores porque somos servos. Um pastor pode deixar o exercício do ministério pastoral. Mas continua sendo servo.
Se não fôssemos pastores, será que não teríamos as mesmas as atividades reprováveis das nossas ovelhas? Ausência nos cultos. Indisposição para o serviço. Desculpas esfarrapadas para não assumir compromissos com o Reino. Será que não faríamos isso, se não fôssemos pastores?
Nós não nos comportamos como servos. Nós somos servos. Que os homens nos considerem como servos: 1Co 4.1. Não estamos aqui para sermos servidos, mas para sermos servos.
Há outra lição que precisa ser destacada. Nossa identidade de servos nos dá tranquilidade e segurança. David Fischer, no livro O Pastor do Século 21, relata uma ocasião em que a igreja que pastoreava começou a arquitetar sua demissão. Adoeceu, por isso. Mas um conselho do seu pai o tranquilizou: “Lembre-se de quem você é” (grifo do autor), disse o seu pai. “Você é o pastor aí, até que Deus o tire”. Seu pai o aconselhou a não agir com insubmissão à autoridade da igreja. Fischer deveria se comportar como servo. “…a natureza do chamado pastoral exigia autoconfiança nascida de minha identidade como ajudante de Cristo”, diz ele.
Caros colegas pastores: se falamos por Cristo e em Cristo, se fomos comissionados pelo Cabeça da Igreja para sermos servos da Igreja, deveríamos ficar amedrontados com a possibilidade de sermos demitidos pela Igreja? O que deveria nos causar temor não é a possibilidade de sermos mandados embora da igreja, mas a possibilidade de em algum momento esquecermos quesomos servos. Porque se não formos servos, aí sim poderemos ser justamente demitidos não só de um ministério local, mas do próprio ministério pastoral.
3º desafio: precisamos servir a Cristo servindo a Igreja de Cristo.
A fraqueza do pastor: vaso de barro– v.7
O “tesouro” é aquilo que é valioso. Em contrapartida, “vasos de barro” são cerâmicas de barro, frágeis e baratas. Deus armazenou seu precioso evangelho em frágeis vasos de barro. Os rabinos diziam: “É impossível o vinho ser guardado em vasilhas de outro ou prata, mas no mais inferior dos recipientes, isto é, em vasilhas de barro. Semelhantemente, as palavras da Lei são guardadas apenas na pessoa mais humilde.” (citado por Simon Kistemaker, 2Coríntios, p.207).
O pastor Irland Pereira de Azevedo afirma categoricamente: “o Pastor não é nem um super-homem, nem um sub-homem, mas um homem de verdade e da verdade.”.
A segunda parte do v.7 refere-se à “excelência do poder”, literalmente “o extraordinário poder de Deus”. Somos vasos frágeis instrumentalizados pelo poder de Deus. “A glória não está no pregador, mas na pregação. O que é valioso não é o vaso, mas o tesouro que está no vaso.” (Hernandes Dia Lopes, 2Coríntios – O triunfo de um homem de Deus diante das dificuldades. São Paulo: Hagnos, 2008, p.103). “O vaso é frágil, mas o evangelho é poderoso…O vaso se quebra e precisa ser substituído, mas o evangelho é eterno e jamais pode ser mudado.” (Hernandes Dias Lopes, p.104).
O mundo está caído. E nós, pastores, somos vasos de barro! O que fazer? Mas o tesouro do evangelho está em nós, apesar de. Mas o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. “…a nossa suficiência vem de Deus” – 2Co 3.5.
“Vasos de barro são oportunidades de Deus” (David Fischer). Paulo tinhaum espinho na carne (2Co 12.9). Spurgeon e Lutero sofriam de depressão. Calvino padecia de enfermidades físicas, e dizia que cada dia era um luta mortal.
Como ministros do evangelho, somos vasos de barro. Vasos quase quebrados. Como sabemos, existem muitos vasos que perigosamente estão quase sendo partidos em mil pedaços.
Outro ponto precisa ser destacado. A única coisa que Deus espera de nós é que deixemos seu excepcional poder se manifestar através de nossa fragilidade. Isso nos alivia. A pregação do evangelho não depende do nosso poder, mas do poder do Espírito Santo. Não somos soberanos sobre a Igreja de Cristo. Cristo é soberano. Se algo grande tem de acontecer na igreja, isso acontecerá pelo poder de Deus, não por nossa habilidade como administradores ou gestores.
4º desafio: precisamos reconhecer nossas fraquezas, e afirmarmos que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza.
A razão da vida do pastor: manifestação da vida de Cristo – V.8-12
Nos v.8-9, Paulo expõe os sofrimentos pelos quais passou.
No v.10: “levando sempre no corpo o morrer de Jesus”. Paulo levava em seu corpo as marcas de Cristo (Gl 6.17). “Os sofrimentos que Jesus suportou faziam parte agora da própria vida de Paulo.” (Simon Kistemaker. 2 Coríntios, p.212).
O corpo de Paulo possuía as marcas de Jesus, no sentido de que ele tinha cicatrizes resultantes de perseguições que sofreu por amor a Cristo. Paulo experimentava a morte de Cristo (v.10).
Passamos por lutas no ministério pastoral, mas ainda falta muito para passar o que Paulo passou (veja 1Co 4.9,13).
2Co 11.23-28:
23 São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. 24 Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; 25 fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; 26 em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; 27 em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. 28 Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente a preocupação com todas as igrejas.
O morrer de Cristo estava sobre Paulo. Mas, de acordo com o v.10b, o corpo de Paulo também manifestava a vida de Cristo. No v.11, ele diz: “para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal”. E, mesmo se manifestando através de Paulo, a vida de Cristo não era operada em Paulo, mas nos crentes de Corinto: “em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida” (v.12). É como se Paulo dissesse: “A morte é ativa em nós. A vida é ativa em vocês.” (Simon Kistemaker, 2Coríntios, p.213).
Paulo era criticado e caluniado (2Co 6.8-9). Não era amado (2Co 6.11-12). Diziam que ele escrevia bem, mas sua presença e oratória em fracas. Algumas acusações e críticas eram feitas a Paulo: irresponsabilidade (2Co 1.13,14); inconstância (1.17); falsificação da Palavra de Deus (2Co 4.2; cf. At 21.21).
Além disso: 1) os crentes de Corinto acolhiam os falsos apóstolos, o que deixava Paulo extremamente chateado (2Co 11.4); 2) Paulo temia encontrar na igreja de Corinto imoralidades e intrigas (2Co 12.20-21).
Paulo tinha razões suficientes para desistir daquela problemática igreja de Corinto. Mas não desistiu. Pois ele sabia que era instrumento da vida de Cristo. V.15: “Porque todas as coisas existem por amor de vós”.
Paulo compreendia que a obra do Senhor era a razão de sua vida. Ele existia para que a vida de Cristo fosse manifestada entre os crentes. Sua vida era para morte. Ele estava disposto a ser entregue à morte “por causa de Jesus”, para que a vida de Jesus fosse revelada na carne mortal dele. Essa era razão da existência de Paulo. Para ele, completar a carreira que recebeu do Senhor Jesus era muito mais importante do que a própria vida (At 20.24).
Pr Paulo Vicente falou uma frase que precisa entrar para os anais da teologia pastoral: Pastorear a igreja é muito difícil, mas eu não consigo viver sem ela. Você é louco, Paulo! Louco por Cristo e pela Igreja de Cristo.
Lembremos ainda do exemplo de Jeremias: quando pensava em desistir, um fogo queimava em seu coração e o impelia a continuar a pregar (Jr 20.9). Jeremias era um fracassado. Só foi reconhecido por NT, séculos depois, ao ser confundido com Jesus. Sim, os profetas são loucos. Mas, falou o Senhor, quem não profetizará (Am 3.8). O Senhor nos chamou, como vamos recuar? Somos como Jeremias e Paulo: não temos outra alternativa, senão o ministério.
Somos chamados para que a vida de Cristo se manifeste através da nossa morte. Na perspectiva de um vocacionado, trabalhar é complicado, mas viver sem a igreja é pior ainda. Porque sabemos que a vida de Cristo se manifesta na igreja através da nossa morte.
Constantemente somos tentados a reclamar dos fardos do ministério pastoral. Eu mesmo já fiz isso. Mas, se na igreja não existissem pessoas complicadas, Deus não precisaria de pastores. Se a vida de Cristo se manifestasse no corpo de Cristo sem a instrumentalização do ministério pastoral, não haveria ministério pastoral. Pessoas fracassadas estão diante de nós para serem transformadas em “carta de Cristo”, pelo Espírito Santo, através de nós (2Co 3.2-3). Paulo tinha plena confiança de que a vida de Cristo se manifestava através do seu ministério. Essa convicção era a âncora que o segurava no ministério.
5º Desafio: precisamos reconhecer que, mesmo que o ministério pastoral seja difícil, a razão da nossa vida é o ministério pastoral.
CONCLUSÃO
Paulo não ministrou nenhum curso sobre como alcançar o sucesso no ministério pastoral. Era o maior evangelista de todos os tempos, mas não ensinou nenhum método de crescimento de igreja. No entanto, mostrou em sua vida o real sentido do ministério pastoral. Dizia que era fruto da graça de Deus. Pregava destemidamente o verdadeiro evangelho. Entregava-se de corpo e alma ao serviço da igreja. Reconhecia sua fraqueza, porque era a partir de sua fraqueza que o poder de Deus se manifestava. Apesar de maltratado pelas pessoas da mesma raça (judeus), e desprezado pelas pessoas da mesma fé (irmãos em Cristo), não conseguia viver longe do ministério, pois o ministério era a razão de sua vida.
Vivemos dias difíceis para o exercício do ministério pastoral. Mas existe um último recurso, na verdade, um único recurso: acreditarmos que o evangelho verdadeiramente é o poder de Deus para todo aquele que crê. Deus usa servos e vasos de barro para a proclamação do evangelho e para a manifestação da vida de Cristo na Igreja.O maior desafio para o ministério pastoral da atualidade é acreditar nisso e viver isso.