A presença ativa da Igreja no mundo
Pr Luciano R. Peterlevitz – Igreja Batista Bela Vista, 21.10.2018.
Mateus 9.35: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.”
Introdução
Estamos presentes no mundo. Mas a questão é: estamos presentes de forma ativa, em prol do reino de Deus?
Não estamos neste mundo somente para viver neste mundo. Estamos aqui para fazer a diferença.
A igreja precisa ser ativa. Mas isso não significa ativismo. Corremos o risco de fazermos muitas coisas, mas não fazermos o essencial. A igreja precisa fazer a coisa certa, o essencial: fazer discípulos, batizá-los e ensiná-los todas as coisas que Jesus ordenou. Temos feito isso?
A presença ativa de Jesus e dos discípulos no mundo
Em Mateus 9.35, lemos:“E percorria Jesus todas as cidades e povoados…”.
Jesus estava sempre agindo, trabalhando.
Se em Mateus 9.35 Jesus está agindo, Em Mateus 10 ele envia seus discípulos. Jesus é o nosso modelo. Assim como Cristo, nós também precisamos percorrer, agir, caminhar por ai anunciando a paz.
Em Mateus 10.5-6, podemos notar qual era a missão dos discípulos. Eles deveriam focar nas ovelhas perdidas da casa de Israel (v.6). E no v.7, Jesus ordena: “e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.” Prestemos atenção na expressão “à medida que seguirdes” (ou “indo”, Almeida Século 21). Ou seja, na medida em que eles fossem caminhando, deveriam pregar o evangelho do Reino.
O verbo “ir” (gr.poreuomai), utilizado em Mateus 10.7, também é utilizado em Mateus 28.19: “Ide (indo), portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Essa é ordem de Jesus: “indo, façam discípulos” (ou, na medida em que vocês vão caminhando por ai, façam discípulo). A frase comunica um senso de urgência. Há uma missão que urgentemente precisa ser executada. O verbo “indo”, de acordo com alguns estudiosos, pode ser traduzido como “mexam-se!”.
William Hendriksen diz: “Ir” também implica que os discípulos – e isto vale para os filhos de Deus em geral – não devem concentrar todo o seu pensamento em “vir” à Igreja. Eles também devem “ir” para levar as preciosas novas a outros.
Queremos vir para a igreja. Mas queremos ir para a missão que Deus tem para nós?
Queremos as bênçãos de Deus. Mas queremos ser benção na vida dos outros? De maneira geral, as pessoas dizem: que “venham” as bênçãos sobre mim. Na verdade, o que Deus quer é que toda sorte de benção espiritual que está em nós seja levada para além de nós.
Implicações e aplicações
- Deus trabalha
Cristo estava sempre agindo, trabalhando. Mas não era só um trabalho. Era o trabalho certo.
O Pai e o Filho trabalham. “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17).
Deus está agindo no mundo.A obra é Dele. Somos convocados por Ele.Tudo se origina Dele.
- Precisamos trabalhar
Deus trabalha através de nós.
Mateus 9.36-38:
36 Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. 37 E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Preste muita atenção: a seara não é nossa. É do Senhor: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (v.38). O projeto de evangelismo não é um projeto do pastor da igreja. É um projeto de Deus.
Quando anunciamos o evangelho, não falamos de nós mesmos. Falamos de Cristo e a salvação oferecida por Ele.
Paul Wacher certa vez disse para os cristãos do Peru: “O Peru não precisa de sua vida”.
Nova Odessa não precisa de sua vida. Precisa da vida de Cristo.
- Antes de ir, precisamos vir
Os discípulos são enviados de Jesus (Mt 10.5). Eles foram chamados por Jesus (Mt 10.1-4). Eles foram chamados, e “vieram para junto dele” (Mc 3.13). Cristo “designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.14). É fundamental perceber que, antes deles serem enviados para pregar, eles foram chamados para “estarem junto com ele”.
É por isso que não podemos ler a Grande Comissão em Mateus 28.19-20 sem ler o Grande Convite em Mateus 11.28-30. Como sublinha Hendriksen, os discípulos “não podem ‘ir’ se não tiverem primeiramente ‘vindo’, nem se não permanecerem vindo assim como indo”. Antes de “ir”, eles precisam tomar sobre si o jugo do reino, de forma a aprender de Jesus, o humilde, enquanto andam juntos. Discípulos não podem ensinar outros se não tiverem primeiramente aprendido do Senhor.[1]
Você só terá algo relevante para comunicar para alguém se você permanecer constantemente na presença de Cristo, bebendo as águas da vida, aprendendo aos pés do Senhor em oração, e assim de seu interior fluirão rios de águas vivas. Se você não for a Cristo, você não será uma fonte de águas vivas, mas um poço seco. Poços secos não podem transmitir vida. Não podemos ousar trabalhar para Deus, sem antes estar na presença de Deus. Porque nós simplesmente não podemos! Nós não conseguimos. Mas Deus pode, através de nós.
Toda vez que você diz: “eu não consigo fazer a obra”, você está sendo muito, mas muito arrogante e pretencioso. Você está dizendo: “eu quero fazer a obra, mas não consigo”. Você está tirando os méritos do Espírito Santo. Pois o poder para fazer a obra não vem de você ou através de você. Vem do Espírito Santo. Portanto, nunca diga “eu não consigo fazer a obra”, porque simplesmente não é você quem faz a obra, mas é o Espírito Santo através de você.
Prostre-se diante do Cristo ressurreto, e viva sua vida na presença Dele, para que Ele manifeste a presença Dele nessa cidade através de sua vida.
[1] CARl J. BOSMA. Missões e sintaxe grega em Mateus 28.19. FIDES REFORMATA XIV, Nº 1 (2009), p. 29.