TRÊS TIPOS DE CORAGEM: O EXEMPLO DE JOSÉ
Pr Luciano R. Peterlevitz – Igreja Batista Bela Vista, 23.12.2018
TEXTO: Mateus 1.18-25
Introdução
V.18: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo” (ARA).
O texto diz que Maria estava “desposada com José”, ou “comprometida com José” (Almeida Século 21). Maria e José estavam noivos. Na cultura judaica, o noivado era um compromisso tão sério quanto o casamento, e só poderia ser rompido se uma das partes se envolvesse sexualmente com outra pessoa, e isso seria considerado um adultério.
Maria “achou-se grávida pelo Espírito Santo”. É o nascimento virginal de Cristo.
Mas, como Maria explicaria isso para o seu noivo?
V.19: “Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente” (ARA).
Na mente de José, Maria havia traído. Ele era justo, e seguia rigorosamente a lei do Senhor (Êx 20.14; Dt 5.18; Lv 18.10). Por outro lado, José não queria infamá-la, ou “expô-la à desgraça pública” (Almeida Século 21). A lei de Moisés ordenava a pena de morte aos adúlteros (Lv 20.10; Dt 22.22). José era misericordioso. Não queria que Maria fosse sentenciada.
Quando José considerava a possibilidade de deixar Maria, um anjo apareceu-lhe em sonho (v.20).
O anjo disse para José: Maria dará à luz um filho que não é seu, mas mesmo assimvocê precisa se casar com ela, porque esse menino foi gerado pelo Espírito Santo.
José obedeceu prontamente. “Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher” (ARA)
José teve coragem para obedecer. Queremos Jesus em nossa vida? Então precisamos de coragem. Timothy Keller, olhando para o exemplo de José, diz que precisamos de três tipos de coragem[1]:
1. Coragem para suportar o desprezo do mundo
José assumiu o risco de ser ridicularizado. Todos saberiam que Maria estava grávida. O que diriam as pessoas? Que Maria e José tiveram relações sexuais antes do casamento? Que Maria se deitou com outro homem?
Imagine os amigos de José tirando sarro: “Fala aí José, quer dizer que sua noiva ficou grávida pelo Espírito Santo?”.
Não espere que a verdade do evangelho seja compreendida por seus amigos e familiares não cristãos. Eles poderão ridiculizar você.
2. Coragem para abrir mão do seu direito de escolha
O anjo ordenou como José deveria chamar o menino. Na cultura hebraica, o pai tinha direito de dar nome ao filho.
José abriu mão desse direito. “Veja José, não é você que manda nessa criança, é essa criança que manda em você”.
Muitas pessoas querem ser cristãs à sua própria maneira. “Quero seguir a Cristo, mas do meu modo”, dizem muitos.
“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo” (Lc 9.23). Negar-se a si mesmo é muito difícil em nossa cultura atual, onde ouvimos constantemente: ‘Seja fiel aos seus sonhos”.
“Só se lhe devotarmos nossa fidelidade suprema obteremos o que mais necessitamos dele”. (Timothy Keller).
É preciso muita coragem para deixar o controle de nossa vida nas mãos de Cristo.
3. Coragem de reconhecer que você é pecador
“Jesus”. Este era o nome que José precisaria colocar no menino: “porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (v.21). O nome “Jesus” significa “o Senhor é salvação”.
José obedeceu a palavra do anjo. Ele reconheceu que ele e seu povo eram pecadores e que necessitavam de salvação.
No natal, as pessoas querem ouvir de alegria e paz. Mas quem quer ouvir sobre pecado?
Para termos paz e alegria, é preciso que nossos pecados sejam perdoados.
Será que estou disposto a reconhecer meu fracasso espiritual diante de Deus? É preciso muita coragem para admitir isso. “Contudo, essa é a base para todas as outras coisas que Jesus pode trazer à sua vida: todo consolo, toda esperança, toda a alegria e humildade e tudo mais.” (Timothy Keller).
Conclusão
Tenhamos coragem para enfrentar o desprezo do mundo, para abrir mão dos nossos direitos e submetermos ao senhorio de Cristo, e para reconhecermos que somos pecadores.
Só assim poderemos celebrar o Natal com alegria e esperança.
[1]Timothy Keller, O Natal escondido: a surpreendente verdade por trás do nascimento de Cristo, São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 78-81.