CELEBRANDOAO SENHOR MAGNÍFICO

Postado em 17 de agosto de 2020 por

Categorias: Pregações

Pr Luciano R. Peterlevitz, Igreja Batista Bela Vista, 16.08.2020

TEXTO: Salmo 8

Introdução

Depois de cinco meses de suspensão das nossas atividades presenciais por causa da pandemia do COVID-19, hoje estamos voltando a nos reunir para celebrar ao Senhor.

O que nos moveu até aqui neste dia? A saudade uns dos outros? A saudade dos momentos de comunhão ou das “reuniões”? O desejo de “dar uma voltinha” e de sair do confinamento da casa? Não. O que nos trouxe aqui é o desejo de adorar a Deus. O que impulsiona os nossos corações nessa noite é o anseio de cantar louvores ao Senhor Altíssimo junto com outros irmãos. 

Tendo o Salmo 8 por base, como é a nossa celebração, neste dia em que retornamos os nossos cultos presenciais?

Uma celebração que reconhece a majestade e o poder de Deus: v.1-2, 9

O Salmo é um hino de louvor ao Deus Soberano e Criador. Os v.1 e 9 compõem o estribilho do hino. No início e no final do poema, o salmista declara o magnífico nome do Senhor.

A majestade de Deus nos céus: v.1, 9

O “nome” de Deus é a Sua pessoa. Toda a terra é habitada pelo grandioso nome de Javé. A sua majestade está estampada nos céus.

Deus não mora em templos. A glória do Senhor está em toda a terra. Durante o isolamento social aprendemos que precisamos reconhecer a glória do Senhor todos os dias e todos os lugares.

É importante notar que a adoração desse salmo é comunitária: “Senhor nosso” (v.1, 9). Observa-se a primeira pessoa do plural. Aqui, há uma comunidade que adora o Senhor de toda a terra.

No livro dos Salmos encontramos a adoração comunitáriae a adoração individual:

  1. Adoração comunitária: “Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação”. (Sl 95.1).
  2. Adoração individual: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome” (Sl 103.1).

Precisamos da adoração comunitária e da adoração individual. Nesse período de quarentena, aprendemos sobre a importância da adoração individual: tempo a sós com Deus (oração e leitura da Bíblia); culto familiar.A adoração individual não dispensa a necessidade da adoração comunitária, e a adoração comunitária não é suficiente. Tanto a adoração comunitária como a adoração individual são necessárias para que tenhamos uma espiritualidade sadia.

O poder de Deus nos frágeis: v.2

Deus suscita força das crianças e dos recém-nascidos.

O poder Deus está sobre os frágeis e insignificantes, sobre aqueles que aos olhos humanos não têm nenhuma chance ante o ataque dos ímpios poderosos. A fragilidade das crianças supera a força dos vingadores. Deus usa o louvor dos fracos para confundir os fortes.

O COVID-19 nos faz sentir fracos e vulneráveis. Mas a vitória não é dos fortes, mas sim daqueles que se quebrantam diante do Senhor e clamam por seu poder. Como diz o hino Vencedor do Cantor Cristão:

Não é dos fortes a vitória,

Nem dos que correm melhor!

Mas dos fiéis e sinceros,

Como nos diz o Senhor!

Portanto, nessa noite, nosso culto comunitário é uma celebração que reconhece a majestade e o poder de Deus.

Uma celebração que reconhece a fragilidade do ser humano: v.3-4

A grandeza do céu estrelado (v.3) revela que somos pequenos (v.4). Somos um grão de areia no Universo.

Estupefato ante a pequenez do ser humano, o salmista faz a seguinte pergunta: “que é o homem?”(v.4). O Salmo 144 faz essa mesma pergunta, e apresenta a resposta: “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem, para que o estimes? 4 O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra que passa. (Sl 144.3-4).

Um vírus microscópico (o COVID-19) tem mostrado quão frágeis nós somos e quão falíveis são os nossos planos. No começo do ano, fizemos tantos projetos que foram cancelados por causa da pandemia. Esquecemo-nos de Tiago 4:

13 Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. 14 Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. 15 Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. (Tg 4.13-15).

Voltando ao Salmo 8, no v.4, o salmista faz uma pergunta retórica: “que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites?”.

Apesar da nossa pequenez e insignificância, o Senhor se lembra de nós e nos visita.

Quando a Bíblia diz que Deus se “lembra” não está sugerindo que Ele se esqueceu de alguma coisa ou de alguém. O “lembrar” aqui é a intervenção. Quando Deus se “lembra”, significa que Ele está pronto para agir e visitar.

Em algum momento da vida, já teve a sensação que o Senhor se esqueceu de você? Mas saiba: Deus não se esquece jamais!

Uma celebração que reconhece a importância do ser humano: v.5

Não somos só um conjunto de células, moléculas e átomos. Somos mais do que isso. Fomos criados “um pouco menor do que Deus”. Isso significa que somos criados à imagem e semelhança de Deus. O ser humano é a coroa da criação de Deus.

O industrial alemão Oskar Schindler, retratado no filme, “A lista de Schindler”, comprou centenas de judeus na Segunda Guerra mundial e os levou para uma fábrica fictícia, na então Checoslováquia, para livrá-los das câmaras de gás. Quando a guerra acabou, ele levou esses judeus para o pátio e olhando para seu carro de luxo, chorou dizendo: “Se eu tivesse vendido esse carro, teria comprado mais vinte vidas que pereceram”. Depois, olhou para o botom de ouro, na lapela de seu paletó e disse: “Se eu tivesse vendido esse botom, teria comprado mais duas vidas que pereceram”.

Em seguida, arrematou: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.

Os números dos mortos pelo coronavírus não são apenas números. São pessoas. Por isso, precisamos seguir todos os protocolos sanitários (uso de máscara e álcool em gel, distanciamento, etc.). Fazendo isso, protegemos não somente nossa vida, mas também a vida dos outros.

Uma celebração que reconhece a missão do ser humano: v.6-8

Deus criou o ser humano para exercer o “domínio” (v.6) sobre os animais (Gn 1.28). O Senhor é o grande Rei do Universo, e Ele nos colocou como governadores nesse mundo. Somos representantes de Deus nessa terra. Temos a responsabilidade de administrar a criação, para glória do nome do Senhor de toda a terra (v.1, 9).

Os teólogos chamam isso de mandato cultural: o ser humano tem a missão de administrar a criação e utilizar os recursos da natureza para promover o bem da humanidade e a glória do Criador. O mantado cultural também inclui o desenvolvimento da cultura e das tecnologias.

Como os israelitas antigos cumpriam o mandato cultural: criando ovelhas e bois; domesticando aves, pescando toda variedade de peixes para alimentação e cultivando o solo para o plantio (Gn 2.15). 

Como cumprimos o mantado cultural hoje: executando nosso trabalho profissional com excelência; dominando as ciências; criando vacinas e remédios; glorificando a Deus através de todas as obras das nossas mãos. Somos convocados a representar Deus nessa terra.

Por isso, a adoração conforme ensinada as Escrituras deve produzir em nós um senso de missão.

Conclusão

Celebração que reconhece a majestade e o poder de Deus; celebração que reconhece a fragilidade humana; celebração que reconhece a importância da vida humana e celebração que reconhece nossa missão nesse mundo. Que assim seja a nossa celebração. Declaremos quão magnífico em toda a terra é nome do Senhor.