VIDAS BREVES QUE SE REFUGIAM NO DEUS ETERNO

Postado em 23 de março de 2020 por

Categorias: Pregações

Pr Luciano R. Peterlevitz, mensagem gravada no facebook da Igreja Batista Vela Vista em 22.03.2020

TEXTO: Isaías 40.1-11

Considerações iniciais

Em meio ao cenário caótico em que vivemos, particularmente na atual conjuntura da pandemia do COVID-19, precisamos voltar nossos olhos ao Senhor a fim de compreender a seguinte verdade: vivemos em um mundo caído, anossa vida é frágil e passageira, mas precisamos nos refugiar no Deus Eterno. 

Leiamos com atenção a palavra do profeta Isaías, em Isaías 40.3-11:

3″Voz do que clama: Preparai o caminho do SENHOR no deserto; endireitai ali uma estrada para o nosso Deus.”

4″Todo vale será elevado, todo monte e toda colina serão rebaixados; o terreno acidentado será nivelado, e o que é íngreme será aplanado.”

5″A glória do SENHOR se revelará; e todos juntos a verão, pois foi o SENHOR quem falou.”

6Uma voz diz: Clama. Eu digo: O que clamarei? Toda pessoa é como a relva, e toda a sua glória, como a flor do campo.

7Seca a relva e cai a sua flor, quando o vento do SENHOR sopra sobre elas. Na verdade, o povo é relva.

8″Seca-se a relva e cai a sua flor; mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre.”

9″Ó mensageiro de boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Ó mensageiro de boas-novas a Jerusalém, levanta bem alto a voz; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Aqui está o vosso Deus.”

10″O SENHOR Deus virá com poder; dominará com o seu braço; o seu galardão está com ele, e a sua recompensa o acompanha.”

11″Ele cuidará do seu rebanho como um pastor; recolherá nos braços os cordeirinhos e os levará no colo; guiará mansamente as que amamentam.” (Almeida Século 21).

Deus, através de Isaías, anunciou que traria o juízo sobre o seu povo impenitente. Judá seria julgado com o exílio, que ocorreu no século 6 a.C. Jerusalém foi destruída pelos babilônicos. O templo foi queimado. E muitos judeus foram levados para o exílio.

Em meio aquele cenário de destruição, muitos judeus perguntavam: seria o fim do povo de Deus? Será que o Deus de Israel não conseguiu defender Jerusalém das mãos das nações pagãs? Será que os deuses dos babilônicos são superiores ao Deus de Israel? Será o fim do povo de Deus? Vamos sobreviver ao caos?

Então vários profetas, como Jeremias e Ezequiel, declararam que o juízo sobreviria sobre Jerusalém por causa da insistente conduta pecaminosa povo, mas, após a calamidade, Deus iria livrar seu povo do exílio e o conduziria novamente para a terra prometida. A fim de consolar o seu povo, Isaías, mesmo vivendo cerca de 120 anos do exílio, também anunciou profeticamente a futura libertação e restauração. O profeta apregoou uma palavra de consolo: “Consolai o meu povo, consolai, diz o vosso Deus” (Is 40.1). Além disso, ele também declara preciosas verdades acerca da efemeridade da nossa vida, por um lado, e acerca da glória e da soberania de Deus, por outro lado.

Em meio a esse cenário da pandemia do coronavírus, muitos estão perguntando: O que será de nós em meio a esse caos?

“O exílio daria a Deus uma oportunidade ainda maior de demonstrar sua soberania e confiabilidade”. (John Osvald). Do mesmo modo, o vírus que tomou conta do mundo cria uma situação que nos convida a olhar para Aquele que é Senhor sobre o mundo. Nesse cenário, algumas verdades ser tornarão ainda mais claras. A verdade da soberania de Deus, da sua fidelidade e da sua graça se tornará ainda mais clara em meio a essa calamidade que estamos vivendo.

Olhemos para Aquele que está acima do caos. Olhemos para o Soberano.

Na conjuntura atual, precisamos ter a mesma percepção que o profeta Isaias teve.

A percepção da vinda da glória de Deus: v. 3-5

Um caminho deveria ser preparado, pois Deus viria para libertar o seu povo (v.3-5). Os vales seriam aterrados, e os montes nivelados. Os terrenos íngremes seriam aplainados. O caminho intransitável se tornaria transitável. E “a glória do Senhor se manifestará” (v.5).

O povo de Israel se salvaria por si mesmo do exílio? De forma alguma. A esperança de Israel estava na vinda do Deus Salvador.

É a vinda de Deus que traz esperança. Pois só Ele pode nos salvar. Precisamos orar: “Vem Senhor! Estenda-nos a sua mão misericordiosa. Imploramos por Tua graça!”.

Sim, precisamos orar por nosso país e pelo mundo. Precisamos clamar por aqueles que estão infectados. Precisamos interceder pelos professionais da saúde e pelas autoridades políticas que tomam decisões importantes nesse momento.

Mas também precisamos orar: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20). Um Dia o Senhor Jesus voltará. Esse grande Dia se aproxima! Novos céus e nova terra serão criados. O Senhorenxugará todas as lágrimas dos nossos olhos. Não haverá mais choro ou dor, nem morte, nem luto. Não haverá mais maldição. 

Percepção da nossa fragilidade: v.6-8

Nos 6-7, somos comparados à erva e à flor do campo. O vento sopra sobre a erva e flor, e elas secam. “É bem provável que o profeta tenha em mente a aqui a imagem do hamsim, um vento quente e seco procedente do leste, o qual provavelmente sopra em maio e pode tornar um campo verde e marrom em 48 horas ou menos do que isso” (John Osvald).

O “vento do Senhor” (v.7) seca a verde paisagem da existência humana. A vida é frágil.

Um forte vento tem soprado sobre o mundo, o vento de um vírus, e tem levado embora nossos projetos, e infelizmente tem levado embora muitas vidas.

“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.” (Salmo 90.12).

Diante da nossa fragilidade, precisamos ter uma clara percepção acerca da falibilidade dos nossos planos.

“Toda pessoa é como a relva, e toda a sua glória, como a flor do campo” (v.6b). É curiosa a palavra “glória”, aqui nesse verso. Isaías usa o termo hebraico hesed, comumente traduzido como “misericórdia, bondade, fidelidade”. Aqui, provavelmente significa “confiança”. A frase fica assim então: “e toda a sua confiança, como a flor do campo”.

A nossa confiança (nossa autoconfiança) se esvai como a flor do campo. Fazemos tantos planos confiando em nós mesmos. Esquecemo-nos o que diz Tiago:

13Agora, prestai atenção, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e teremos lucro.

14No entanto, não sabeis o que acontecerá no dia de amanhã. O que é a vossa vida? Sois como uma névoa que aparece por pouco tempo e logo se dissipa.

15Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo. (Tiago 4.13-15 – Almeida Século 21).

O coronavírus interrompeu nossos projetos. Nas escolas, faculdades e universidades, planos de aulas foram interrompidos. Viagens foram canceladas ou adiadas. Casamentos e festas estão sendo desmarcados. Até a agenda que fizemos para nossas igrejas foi drasticamente alterada.

O coronavírusrevelou a verdadeque já sabemos, mas talvez havíamos nos esquecido: nós não estamos no controle.

Ah Senhor, nos ensine a dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.”

Percepção das boas novas: v.9

Nos dias de hoje, mais do que nunca, necessitamos ouvir boas notícias. Outro dia li um anúncio no facebook: “Plano familiar com seguro. Jazido incluído”. Entretanto, promoção de planos funerários certamente não é uma boa notícia, especialmente na situação em que estamos.

No v.9, Isaías declara que havia boas-novas para Jerusalém e para as demais cidades de Judá. “Aqui está o vosso Deus.”

Essa é a melhor notícia que podemos ouvir: Deus está nosso meio!

O Evangelho, a boa notícia da salvação, declara que Deus se fez homem e habitou em nosso meio, foi infectado pelo vírus do pecado, morreu na cruz por causa desse vírus, ressuscitou ao terceiro dia, venceu a morte, e agora o seu sangue (e somente o seu sangue!) é o antídoto que pode nos livrar do poder mortal do vírus do pecado.

Nesses últimas dias, temos ouvido várias notícias acerca do coronavírus. Todas essas más notícias precisam ser compreendidas com a perspectiva das boas novas da salvação em Jesus Cristo. A boa notícia de Deus supera qualquer má notícia.

“Todos receberemos boas e más notícias; o importante é vê-las da perspectiva de Deus para nossa vida.” (Devocional Pão Diário, 17.03.2020).

“A salvação nunca foi um “salvo conduto” para que as consequências comuns do pecado não nos afetassem. Todos sofrem, ficam doentes e recebem as consequências do desequilíbrio e da morte.” Mauro Meister.

Precisamos entender que nossa esperança não está nesse mundo. “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).

Lembremos o que diz o apóstolo Pedro:

Louvemos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo! Por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso o nosso coração está cheio de uma esperança viva. 4 Assim esperamos possuir as ricas bênçãos que Deus guarda para o seu povo. Ele as guarda no céu, onde elas não perdem o valor e não podem se estragar, nem ser destruídas (1Pe 1.3-4 – NTLH).

Como disse Billy Graham: “Eu li a última página da Bíblia. Tudo vai dar certo.”

Percepção acerca do poder supremo de Deus e do seu terno pastoreio: v.10-11

O v.10 apresenta Deus como General, o Soberano que vem com poder e com o seu braço dispersa os inimigos.

O v.11, por sua vez, apresenta Deus como Pastor, que recolhe seus cordeirinhos e os guia mansamente.

Momentos como esse gera ansiedade. Muitas pessoas estão entrando em pânico. Muitos perguntam: Vamos conseguir conter esse vírus? Vou perder alguém da minha família vitimada por esse vírus? Vou perder o emprego? Como vou pagar as contas?

Qual é a sua reação para com essa crise? É fácil ser dominado pelo medo. É fácil ver o coronavírus em todo o lugar que eu olho: no teclado do meu computador, no ar que eu respiro, em cada contato físico e em cada esquina, esperando para me infectar. Nós estamos em pânico?

Ou talvez essa crise está nos desafiando a reagir de maneira diferente – com fé e não com medo. Não fé nas estrelas ou em alguma deidade desconhecida. Em vez disso, fé em Cristo, o bom pastor que é também a ressurreição e vida. (Mark Oden, 8 Coisas que o Coronavírus Deve Nos Ensinar[1]).

Guardemos em nosso coração as conhecidas palavras do Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor, não sentirei falta de nada” (Sl 23.1).

Conclusão

Que nesses dias de turbulência tenhamos uma clara percepção acerca da glória eterna de Deus, da nossa fragilidade, das boas-novas (que saibamos ouvir as más notícias pelas lentes das boas-novas do Evangelho) e do poder supremo de Deus e do seu terno pastoreio.

“O SENHOR te abençoe e te guarde. O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; O SENHOR levante sobre ti o seu rosto e te dê a paz. (Números 6.24-26).”

Amém.


[1] Disponível em: https://coalizaopeloevangelho.org/article/8-coisas-que-o-coronavirus-deve-nos-ensinar/. Acessado em 19.03.2020.