O VALOR DAQUELE QUE ESTÁ PERDIDO
Pr Luciano R. Peterlevitz, Igreja Batista Bela Vista, 03.11.2019
TEXTO: Lucas 15.3-10
Introdução
Quanto vale uma vida uma humana? Normalmente dizemos que não tem preço. Mas para Deus, a vida humana tem um preço sim. Um preço muito alto. Custou a vida do seu Filho. Uma vida só pode ser comprada por outra vida. Jesus entregou-se a Si mesmo para nos resgatar. Ele deu sua vida na cruz para resgatar nossa vida da condenação eterna. De fato, prata ou ouro não podem pagar por uma vida. Mas o precioso sangue de Jesus, sim. “Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1Pe 1.18-19).
O valor daquele que está perdido
Veja Lc 15.1-2. Pecadores e publicanos (cobradores de impostos, mal vistos pela sociedade da época, porque muitos deles cobravam impostos além do exigido por Roma) se aproximavam de Jesus para ouvi-Lo. Jesus os recebia, e comia com eles. Na cultura judaica, repartir uma refeição com alguém significava boas-vindas e acolhimento. Os fariseus criticavam Jesus por isso.
Na perspectiva dos religiosos, os publicanos e pecadores eram a ralé da sociedade. “Mas esta gente que nada sabe da lei, é maldita”, diziam eles (João 7.49). Os fariseus e escribas chamavam pejorativamente essas pessoas deʿam ha-aretzou “povo da terra”, com a ideia de populacho (pessoas desprezíveis), pois essa gente não era capaz de guardar os 613 ensinados na lei oral, conhecida como “tradição dos antigos”.
Então, em contraponto à atitude dos fariseus, Jesus conta três parábolas. Na mensagem de hoje, vamos analisar duas delas: a parábola do pastor que perdeu uma ovelha e da mulher que perdeu uma moeda. Através dessas parábolas Jesus mostra que Deus busca aqueles que estão perdidos. Estes têm valor para Deus.
- Primeira parábola: de cem ovelhas, perde-se uma;
- Segunda parábola: de dez moedas, perde-se uma;
- Terceira parábola: de dois filhos, perde-se um.
Aqueles que estavam perdidos são encontrados.
Quem são os pecadores e publicanos hoje? São aqueles que estão perdidos, longe de Deus.
Depois do encontro com Zaquel (um “homem pecador”, Lc 19.7), Jesus disse: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 10.10).
Os perdidos
Um pastor perdeu uma ovelha. Uma mulher perdeu uma dracma. Essa moeda, a dracma, era uma moeda grega que equivalia um dia de trabalho. Acredita-se que aquela mulher era pobre. As dez dracma eram sua poupança. Uma moeda faria muita falta para ela.
A ovelha perdida e a drama perdida simbolizam os publicanos e pecadores.
Qual o sentimento de estar perdido?
Há aqueles que estão perdidos, mas não sabem que estão perdidos. E há aqueles que estão perdidos, e reconhecem que estão perdidos.
A restauração começa no momento em que o perdido reconhece que está perdido. A restauração do “filho pródigo” começou no momento em que ele caiu em si (Lc 15.17).
O tratamento só pode começar quando a enfermidade é diagnosticada.
Enfermidade do homem: pecado. Remédio: o sangue de Jesus.
O valor daquele é que está perdido é demonstrado pela busca do Senhor
Você já perdeu algo de muito valor? Infelizmente tem pais que perderam seus filhos (crianças roubadas, por exemplo). Um pai ou mãe que perde seu filho jamais irá desistir de encontrá-lo.
Da mesma forma, o pastor busca sua ovelha perdida, até encontrá-la.
A mulher procura diligentemente a moeda perdida, até encontrá-la. Uma casa de uma pessoa pobre em Israel, como dessa mulher, era bem pequena. “Tinha o piso de terra e não tinha janelas, ou seas tinha eram bem pequenas. Portanto, uma vez caída uma moeda nochão, tomava-se muito difícil de encontrá-la.” (William Hendriksen). Daí a necessidade de acender a candeia (v.8).
Deus busca ativamente os pecadores e os conduz para casa. “Os rabinos concordavam que Deus daria as boas-vindas para o pecador arrependido. Mas é uma ideia nova que Deus é um Deus que busca, um Deus que toma a iniciativa.” (Leon Morris).
O profeta Isaías anunciou, acerca do Servo do Senhor (Jesus): “Não esmagará um galho que está quebrado, nem apagará a luz que já está fraca.” (Is 42.3a). A planta quebrada não seria descartada por Jesus. O pavio que estava prestes a se apagar não seria apagado por Ele. a sociedade quer esmagar aquele que já está quebrado. Quer apagar o brilho daquele que já estáquase apagando. Será que não temos essa atitude, muitas vezes? Lançar à perdição aquele que está perdido. Afundar aquele que está afundando. Submergir aquele que está afogando. Tirar da tomada a luz que está quase queimando. Rejeitar aqueles que são rejeitados.
Entretanto, aqueles que estão perdidos tem valor diante de Deus. Aqueles que muitas vezes são tratados como lixo são tão valorosos que Jesus derramou seu precioso sangue por eles.
O valor daquele que está perdido é demonstrado pela celebração do Senhor
Ao encontrar a ovelha perdida, o pastor enche-se de júbilo, e convida seus vizinhos para uma grande festa. “O pastor se regozija, e isso não só porque recuperou ummaterial perdido, mas porque ama sua ovelha. Seu coração pastoral seregozija porque a ovelha não foi devorada nem pereceu de alguma outraforma. O pastor ainda convida seus amigos e vizinhos para se regozijaremcom ele. Resultado: Uma verdadeira festa.”(William Hendriksen).
Os noventa e nove justos (v.7) são aqueles que achavam-se justos. Acreditavam que não necessitavam de arrependimento. Identificam-se com os fariseus e escribas (v.2). A ovelha perdida eram os publicanos e pecadores. Quando um deles se arrepende, os céus celebram.
A mulher que encontrou a dracma perdida convida as amigas e vizinhas para uma celebração. Do mesmo modo, há júbilo diante dos anjos Deus por um pecador que se arrepende.
Quem não gosta de uma festa? Celebramos a aniversário, casamento e outras datas comemorativas. Quanto mais não deveríamos celebrar a conversão de um pecador?
Conclusão
Pr Claudinei Godoi, missionário pela Junta de Missões Mundial na cidade de Punta Arenas, no Chile, em uma de suas cartas, relata que certo domingo uma mulher, juntamente com seu esposo e dois meninos, chegaram no templo da igreja. O pastor ouviu o seguinte testemunho da mulher:
“Irmão, meu esposo me trouxe porque necessitamos ouvir a Palavra de Deus. Ele é um bom homem, é bom pai e marido, tem tido sucesso na vida, contudo tem o vício da bebida. Ele não ficará para a Escola Bíblica dominical por que irá a casa preparar o almoço. Frequentava uma igreja na cidade com toda minha família, contudo houve um momento que decidimos sair porque diziam que ali não era o lugar para meu esposo por causa de seu vício”.
“…diziam que ali não era o lugar para meu esposo por causa de seu vício”. Com dor no coração, pergunto: será que essa é a mensagem que a igreja tem transmitido para os viciados, prostitutas, ladrões e outras pessoas “pecadoras”?
Mas, em alto e bom som, precisamos proclamar a essas pessoas: aqui é lugar para você! A Igreja é um hospital, e Cristo é o Médico dos médicos.