Os DOIS CAMINHOS
Pr Luciano R. Peterlevitz – Igreja Batista Bela Vista, 01.09.2019
TEXTO: Salmo 1.6
Os dois caminhos
O Salmo 1.6 apresenta dois caminhos: “o caminho dos justos”, e o “caminho dos ímpios”. Jesus também se refere a dois caminhos:
- “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram”. Mateus 7.13-14.
Há dois caminhos, somente. O caminho largo e o caminho apertado. O primeiro, é acessado por uma porta larga. O segundo, é acessado por uma porta estreita. Cada um deles leva a um destino. O caminho largo conduz à morte. O caminho estreito conduz à vida. Muitos preferem entrar pela porta larga. E são poucos os que entram pela porta estreita.
Como se nota, não existe um caminho no meio, um meio termo. São apenas dois. “Todos nós preferimos ter muito mais opções do que uma só, ou melhor, ainda, gostaríamos de fundi-las todas em uma religião conglomerada, eliminando assim a necessidade de qualquer escolha”. (John Stott).
É preciso tomar uma decisão. Qual dos dois caminhos eu vou seguir? Se existem só dois caminhos, então há só uma decisão a tomar. Em uma pesquisa de opinião pública, é possível dar três respostas: “sim”, “não” ou “não sei”. Diante dos dois caminhos, só é possívelduas resposta: o “sim” ou “não”.
O caminho dos justos: v.6a
Quem são os “justos”?
Os justos são aqueles que estão em um relacionamento pessoal com Deus. Os justos são aqueles que experimentam a salvação do Senhor. São salvos pela graça de Deus. Foram declarados justos com base na justiça de Cristo.
“Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Não somos justos por causa da nossa justiça pessoal, mas por causa da justiça que vem do próprio Deus sobre nós.
A oração de um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16), entretanto, o justo não ora baseado em sua própria justiça. O piedoso eleva sua voz ao Deus da justiça, e clama por sua misericórdia: “tem misericórdia de mim” (Sl 4.1). “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18.13). Que se reconhece como pecador, e clama pela graça, é justificado, ou seja, declarado justo (Lc 18.14).
Portanto, não ousemos ir ao Deus Santo com base em nossa própria justiça. O Deus Santo permite que entremos na Sua presença, não porque nós somos bons, mas porque Ele é bom e sua misericórdia dura para sempre.
“O Senhor conhece o caminho dos justos” (v.6a). O verbo hebraicoyada‘, “conhecer”, possui uma rica gama de significados no Antigo Testamento, mas aqui, no Salmo 1.6, aponta para um relacionamento de aliança entre Javé e o seu povo. Ainda relacionado com esta ideia de aliança, o verbo “conhecer” está associado a um relacionamento íntimo, como o relacionamento de marido e esposa (Gn 4.1). Nesse sentido, o verbo também significa “ocupar-se de” ou “interessar-se por”, e apresenta “uma concreta intervenção de Javé em determinadas circunstâncias de necessidade ou a sua atitude de proteção permanente” (W. Schottroff).
De fato, o Senhor conhece tudo do justo: suas lutas, necessidades, anseios, etc.
Aqui no Salmo 1.6a o verbo hebraico está conjugado de uma forma que transmite o sentido de um conhecimento ativo, contínuo e duradouro (o verbo está no particípio: “aquele que conhece”). O Senhor participa da vida dos justos, e é isso que garante a estabilidade e a continuidade eternas deles. Conforme observou Agostinho de Hipona, essa participação de Javé na vida dos mortais lhes garante a perpetuação da vida, e sem essa ação participativa divina não há vida eterna.
Deus se relaciona pessoalmente com cada um dos justos. Chama-lhes para perto de si, e Ele mesmo garante que esse relacionamento jamais poderá ser rompido.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 8.35, 38-39).
O caminho dos ímpios: v.6b
É importante perceber os sujeitos das frases desse último verso do Salmo 1. Na primeira frase, Javé é o sujeito; ele exerce o seu conhecimento sobre o “caminho dos justos”. Na segunda, o “caminho” é o sujeito do verbo “perecer”, ou seja, o ímpio é o responsável por sua destruição.
Infelizmente ser humano tem a capacidade de se autodestruir. A maior ameaça do ser humano é ele mesmo.
A frase “o caminho dos ímpios perecerá” tem sido utilizada por muitos para defender a doutrina do Aniquilacionismo, segundo a qual os ímpios serão destruídos e exterminados após o juízo final. Entretanto, de acordo com várias passagens bíblicas (especialmente do Novo Testamento), os infratores sofrerão a penalidade eterna em um estado de consciência. Ou seja, eles não serão extintos após o juízo, mas serão atormentados “pelos séculos dos séculos” (Ap 14.10-11; 20.10).
- “E irão estes[ímpios] para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46).
A penalidade sobre os ímpios será “eterna”, então, é óbvio que ela durará para sempre (2Ts 1.8).
Portanto, aqui no Salmo 1.6b o poeta hebreu está afirmando que os infratores sofrerão a devida punição. Em um sentido poético, é possível traduzir a sentença da seguinte maneira: “o caminho dos ímpios se extraviará”. O ímpio não conseguirá concretizar os seus planos malévolos por muito tempo, pois sua vida será ceifada, os seus planos não darão em nada, e no devido tempoele sofrerá o juízo divino.
O último verbo, “perecerá”, é a tradução da raiz verbal ’abad, que literalmente refere-se a uma trilha que não leva a lugar algum, um beco sem saída. A frase “o caminho dos ímpios perecerá” descreve o fim trágico da jornada daqueles que decidiram trilhar sua vida em rebeldia a Javé. Os perversos nunca terão um final feliz. No final do caminho deles sempre haverá um precipício.
A vida do ímpio é como um carro na contramão: vai bater! O fim será trágico.
Conclusão
O bem aventurado é aquele que está marchando rumo para o Senhor (Sl 1.1). Em contrapartida, o ímpio está marchando para lugar nenhum, na verdade, sua jornada o está conduzindo para um precipício.
Qual caminho você está trilhando? Lembre-se: só existem dois caminhos. Por qual deles você vai trilhar?
Se você está no caminho que conduz à morte, mude a rota de sua vida. Vá para Jesus, pois Ele é o caminho que conduz à casa do Pai. Arrependa-se dos seus pecados, creia em Jesus, reconhecendo-o como Senhor e Salvador. Decida, hoje, trilhar o caminho da vida.