TRÊS ATITUDES CONTRÁRIAS À MUTUALIDAE
Luciano R. Peterlevitz, Igreja Batista Bela Vista, 23.06.2019
Introdução
Nas últimas mensagens, temos meditado nos mandamentos da mutualidade. Temos visto atitudes que alimentam a comunhão no Corpo de Cristo.
Na mensagem de hoje, vamos refletir em três atitudes que destroem a mutualidade: julgar o outro, provocar o outro e mentir ao outro.
- Não julguemos uns aos outros:Rm 14:13; Tg 4:11; 5:9;
- Não provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros: Gl 5:26;
- Não mintais uns aos outros: Cl 3:9.
- Não julguemos uns aos outros
Tiago 4.11-12: 11 Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. 12 Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo? (NVI).
A Palavra nos diz para tomarmos cuidado com a língua.Precisamos cuidar uns dos outros, e não falar mal uns dos outros.
Não somos juízes. Somos irmãos. Um juiz julga. Um irmão cuida. Um juiz julga sem se preocupar com a vida do réu. A principal preocupação do juiz é juntar todas as provas necessárias que condenam ou absolvem o réu. O irmão, por seu turno, não está preocupado com as provas que inocentam ou condenam alguém, mas sim, está preocupado com a vida do outro irmão (seus sentimentos, seu crescimento espiritual, sua família, etc.).
“Não julgueis”, disse Jesus (Mt 7.1). Isso não significa abrir mão do discernimento entre o certo e o errado. Lamentavelmente há cristãos que cometem absurdos, muitas vezes até mesmo em nome do evangelho, e quando confrontados pela verdade, afirmam desavergonhadamente “Não julgueis, para que não sejais julgados“; alguns até chegam dizer “Não toqueis no ungido do Senhor“.
Aqui em Tiago, a prática de julgar está relacionada à prática de falar mal do outro: “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga.” (Tg 4.11a).
Como falamos mal e julgamos o outro?
Falamos mal e julgamos o outro, quando falamos do outro sem a presença do outro.
Falamos mal e julgamos o outro, quando falamos do outro movidos pela soberba do coração. Quando falamos do outro, achando que somos melhores do que o outro. “Mas quem é você para julgar o seu próximo?” (final do v.12). Nos versos 11 e 12, Tiago fala para não julgarmos o outro. No verso anterior (v.10), ele nos convoca a humilhar-nos na presença do Senhor. Falta de humildade e julgamentos maliciosos normalmente são práticas que andam de mãos dadas. Infelizmente temos a tendência de orar como aquele fariseu: “graças Te dou, porque não sou como aquele publicado…”.
Falamos mal e julgamos o outro, quando falamos movidos pela inveja. Corremos o risco de falar do outro, porque no fundo, gostaríamos de ter o que outro tem ou gostaríamos de ser como o outro é.
Falamos mal e julgamos o outro, quando falamos do outrosem amor e compaixão. Comentários maldosos, movidos por um coração carnal; palavras de discriminações descaridosas e descarinhosas.
Falamos mal e julgamos o outro, quando falamos do outro sem empatia. Gostamos de falar do outro. Mas será que conseguimos nos colocar no lugar do outro?
Falamos mal e julgamos o outro, quando impomos rótulos sobre o outro. “Fulano é linguarudo”. “Fulana é exagerada”. “Cicrano é maldoso”. “Aquela pessoa é chata”. “Aquele homem não presta”.
Somos observadores da lei, e não juízes dela.
Só Aquele que criou a Lei é que pode julgar pela lei. “Há apenas um Legislador e Juiz”. O Supremo Juiz da lei é também o Legislador da lei. Fomos nós quem inventamos a lei? Não. Somos nós legisladores? Não (ou não deveríamos ser!). Então não podemos julgar a Lei. Não temos autoridade para isso.
Só Aquele que pode salvar e destruir, é que pode Julgar. “Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir”. Porque você e eu não podemos condenar ninguém? Simples: porque não podemos salvar ninguém! Só Deus é Juiz, porque só Ele é Salvador.
Só Aquele que é Perfeito pode Julgar. “Mas quem é você para julgar o seu próximo?”. Primeiro precisamos tirar o pedaço de madeira que está no nosso olho, para depois olhar o cisco no olho do outro.
Alguém pergunta: Mas não devo corrigir aquele que for surpreendido em alguma falha? Em Gálatas 5.1, lemos: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado.”
Primeiro lugar, é preciso notar que a ação de correção visa à restauração. “vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo”. O verbo “corrigir” ou “restaurar”, aqui, significa “fortalecer, aperfeiçoar, completar”. Toda correção visa a restauração.
Segundo, quem pode corrigir? Aqueles “que são espirituais”. Ou seja, aqueles que são plenamente controlados pelo Espírito Santo. Só aqueles que tem o fruto do Espírito em sua vida é que podem corrigir alguém.
Terceiro, como corrigir? Resposta: “com mansidão”, gentiliza, bondade, humildade. Só quem tem o coração quebrantado e transbordante de graça e misericórdia é que pode levar outros ao quebrantamento.
- Não provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros
Outra atitude que destrói a mutualidade é apresentada em Gálatas 5.26: “Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros”.
Novamente, notamos a relação que existe entre soberba e a fala destruidora. Também a relação que existe entre a fala destruidora e a inveja, que já comentamos anteriormente.
Provocar o outro é alguma atitude que leva o outro a pecar. É quando fazemos alguma coisa só para irritar alguém, por exemplo.
- Não mintais uns aos outros
Colossenses 3.9: “Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas”.
Em Colossenses 3, Paulo está falando acerca das diferenças entre a nossa velha natureza e nova natureza, e diz que precisamos nos vestir com o novo homem criado em Cristo Jesus.
Falar a verdade é uma das evidências de que somos nova criatura em Cristo Jesus. Não seguimos o pai da mentira. Fomos transformados e libertados pela Verdade. Agora, pois, sigamos a Verdade (Cristo) e falemos sempre a verdade.
Infelizmente as pessoas não mentem só no dia 1 de abril. Segue algumas das mentiras mais contadas:
- “Não fui eu”. (“Não fui eu quem contou”).
- “Você está cada vez mais jovem”.
- “Amei o seu presente”.
- “Amor, não posso falar agora porque estou em uma reunião”.
- “Na segunda-feira começarei a dieta”.
- “Chego aí em 1 minuto”.
- “A bateria do meu celular está acabando”.
- “Claro, vamos marcar”.
- “Atrasei, porque o trânsito estava horrível”.
- “Não posso, nesse dia já tenho compromisso”.
- “Que bom te ver”.
- “Tá todo mundo falando”. Será? Às vezes, só uma ou duas pessoas falaram. Mas isso já é razão suficiente para dizer que “tá todo mundo falando”.
Há, também, muitas mentiras divulgadas na Internet. Precisamos tomar muito cuidado com as informações que compartilhamos nas redes sociais.
Conclusão
Vamos deixar de apontar o dedo, e aprender a estender a mão.
Vamos deixar de proferir palavras destruidoras e provocadoras. Vamos falar só aquilo que promove a paz e a edificação.
Vamos nos comprometer em falar só a verdade.
A Palavra diz: “toda palavra frívola da nossa boca nós daremos conta” (Mateus 12.36). Estamos cientes disso?